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VIRIATO O Grande Lusitano

Viriato (Lusitânia, 181 a.C. – Lusitânia, 139 a.C.) foi um líder lusitano que enfrentou a expansão de Roma na Hispânia em meados do século II a.C. no território sudoeste da Península Ibérica, nas chamadas guerras lusitanas.

A sua posição à frente dos lusitanos aparentemente tinha natureza electiva, ou seja, não era hereditária, mas antes dependia dos seus feitos militares.[1] Provavelmente pastor e familiarizado com a vida nas montanhas, tornou-se chefe dos Lusitanos, tendo, enquanto tal, começado por apelar à união dos povos ibéricos contra os romanos que tentavam anexar a Península Ibérica ao seu império.

A bibliografia disponível sobre a vida de Viriato não nos permite determinar nem a data nem o local exacto do seu nascimento, não ficando claro se a procedência geográfica do líder lusitano se correspondia ao actual território de Portugal ou ao de Espanha.[8] Os testemunhos que perduraram, como o do historiador grego Diodoro da Sicília, fazem referência à localização da sua tribo nativa, afirmando ser ele das tribos lusitanas que habitavam do lado do oceano.[7] Outros autores mencionam Beturia — sudoeste peninsular, entre os cursos médios e inferiores dos rios Guadiana e Guadalquivir — como possível origem de Viriato.[9] Entre os séculos XIX e XX foram levadas a cabo investigações marginais a cavalo que chegaram inclusive a situar a zona de influência de Viriato entre os rios Ebro e Tejo:[10] Anselmo Arenas López publicou em 1900 uma obra titulada Viriato no fue portugués si no celtíbero [sic] na qual relacionava de forma equívoca Viriato com a tribo dos lusões em vez da dos lusitanos,[11][12] enquanto que por volta de 1926 M. Peris o descrevia como um ibero valenciano.[13][14]

Imagem editada digitalmente, sobre fotografia registada em monumento localizado em Viseu (Portugal).

Um lugar supostamente utilizado como refúgio por Viriato terá sido o denominado Monte de

Afrodite ou de Vénus, que o historiador alemão Adolf Schulten situou na actual serra de São Vicente.[15] Em Portugal a opção tradicional —suportada por Schulten— era a de que Viriato terá tido origem nos Montes Hermínios, associados à actual Serra da Estrela,[16][17] acreditando-se também que a sua procedência estivera circunscrita aos limites da antiga província portuguesa da Beira Alta.[18] Todavia, mais recentemente propôs-se que o seu nascimento ter-se-á dado no sul do actual Portugal, junto ao oceano Atlântico, na região do Alentejo.[16][19] Existem autores que põem em causa a ligação de Viriato aos lusitanos, no sentido de que naquele tempo o termo lusitano poderia englobar outros povos, como os celtas.[20] O aviador militar e posterior académico Alfredo Kindelán, ante a dúvida sobre a origem de Viriato, sentenciou em 1958 «Bien está donde está. Para mí, como para el ínclito Oliveira Martín, tanto monta Portugal como España».[21]

Segundo a grande parte das fontes, especialmente a de Tito Livio, Viriato era originalmente um pastor que se tornou caçador e soldado. Outras fontes propõem que pertencia à classe guerreira, a ocupação das elites dominantes lusitanas. Para Apiano, foi um dos guerreiros que escaparam da prisão do pretor Sérvio Sulpício Galba à flor da juventude lusitana descrita mais abaixo. Segundo este, Viriato não foi um chefe hereditário, mas escolhido por ser «o que possuía as maiores habilidades de liderança entre os bárbaros e o mais propenso ao ousado perigo (…) e o mais justo na época da distribuição do espólio», o que significava que, durante os oito anos de guerra, o seu exército heterogéneo nunca se rebelou e foi «o mais determinado na hora do perigo».[22][23] Seja qual for o caso, os autores romanos referem-se a Viriato como o dux do exército lusitano e como o adsertor -protector- de Hispânia,[24] ou como um imperator -condutor-[25] das tribos lusitanas e celtíberas.[26]

Nome

O nome Viriato deriva da palavra celta "viria", equivalente ao termo latino "Torquatus", que se referiria ao torque, um tipo de ornamento característico dos guerreiros celtas.[27] Também pode derivar do ibérico "viria", também equivalente a Torquatus, e que significaria "pulseira" ou "bracelete", ao fim ao cabo um ornamento.[28]

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